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O Ser Moderno

23 OUT + 30 out

A diretriz segura, capaz de dar valor concreto à obra de arte, colocando-a ao serviço do homem que na atualidade pensa e sofre coletivamente ou, dizendo de outro modo, a posição do artista frente à arte que deve refletir os problemas e os anseios mais vivos de uma civilização poderosa e característica, não tem sentido nem lógica se essa posição não é ditada por uma consciência profissional coletiva, ou se não serve pelo amor dos homens à Humanidade1. Assim, “O passado não recebe: – dá. O presente recebe e transforma. O futuro transformará o legado do presente. É a cadeia2.

Será este sentido de modernidade, do ser moderno, que informará o pensamento, a obra e o percurso diverso de Mário Bonito, em sintonia com a pedagogia ministrada na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, no início dos anos 50. Consequentemente, será recorrente, na sua escrita, a defesa do exercício da profissão a partir da sua dimensão social com a identificação e a leitura da “ocasião” como forma de dar resposta atualizada aos problemas concretos da sociedade.

Será com esta persistência que a sua vontade de fratura procurará o caminho da nova arquitetura sem perder, no entanto, o sentido de continuidade na leitura da História.

Associando-se à celebração dos 100 anos de Mário Bonito, o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett recebe, nas manhãs de sábado 23 e 30 de outubro, o ciclo “o ser moderno” [“to be modern”], que discutirá a modernidade – o ser moderno – na arquitetura, no cinema, no teatro e nas artes performativas, em Portugal e no estrangeiro.

23 OUT
o ser moderno I: Condição e Circunstância

“O cardeal Nicolau de Cusa defendia o homem como «Deus occasionatus», em suma, um Deus limitado pela ocasião. (…) Desta dupla referência, que é ao mesmo tempo uma dupla ausência do seu ser completo de «deus occasionatus» nascem dois tipos de existência humana: a do homem que encontra na ocasião a forma de se demitir dos seus poderes, e a do homem que se embriaga com esses poderes ao ponto de querer dispensar o apoio da ocasião. Os primeiros são sensíveis à continuidade, ou antes, são a expressão dessa continuidade; os segundos são sensíveis à ruptura, ou antes, exprimem essa ruptura mesmo. No domínio espiritual estas duas formas de convivência com o presente traduzem-se na oposição clássico-moderno.”3

10h00 abertura

o ser moderno, José Miguel Rodrigues

o ser moderno no cinema, António Preto

o ser moderno no teatro Gonçalo Amorim

o ser moderno na arquitetura, Alexandre Alves Costa

12h15 debate

A sessão decorrerá em português

30 OUT
o ser moderno ii: Processos e Contaminações

“Ninguém nasce moderno, (…) mas ninguém se torna moderno, também, pela simples consciência de um desacordo mesmo radical com as formas do seu presente, se esse desacordo não é o resultado de uma luta real, de um sofrimento provocado pelo conflito entre a pressão de uma forma dada e a liberdade humana que ela realmente limita. A vontade vazia de fratura, de negação pura, constitui a falsa modernidade que se exprime precisamente pelo mais fácil processo: o da antítese, o de fazer esguio onde Maillol faz redondo, de uma maneira exterior, formal. Esta falsa modernidade pode produzir, aliás, obras meritórias e formalmente cheias de interesse. Mas a autêntica modernidade visa mais alto e exprime algo mais que uma vontade formal de rutura com o mundo dado.”3

10h00 abertura

o ser moderno na cultura italiana, Domenico Chizzoniti

o ser moderno nas artes performativas, Alexandra Balona

o ser moderno na arquitetura italiana, Cristina Pallini

o ser moderno, Ana Tostões

12h15 debate

A sessão decorrerá em inglês

1. Bonito, Mário, “Tarefas do arquitecto”, 1º Congresso Nacional de Arquitectura (Edição fac-similada), Lisboa: Ordem dos Arquitectos, 2008, p. 136-146.

2. Bonito, Mário, “Palavras de introdução a uma exposição de arquitectura”, Palestra proferida na abertura de uma exposição de arquitectura, Póvoa do Varzim, Abril de 1956.

3. Lourenço, Eduardo, “Sentido e não Sentido do Moderno”, Ocasionais I, Lisboa: A Regra do jogo, Edições, 1984, p. 65 e 69.

More information soon.

Auditório Biblioteca Municipal Almeida Garrett

Jardins do Palácio de Cristal – Rua Dom Manuel II, 4050-239 Porto

O ser moderno I: 23 OUT, 10h00-13h00

convidados: José Miguel Rodrigues; António Preto; Gonçalo Amorim; Alexandre Alves Costa

O ser moderno II: 30 OUT, 10h00-13h00

convidados: Domenico Chizzoniti; Alexandra Balona; Cristina Pallini; Ana Tostões

organização | organization:  Matéria. conferências brancas | Matter. the white conferences em parceria com | in partnership with Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

apoio | support: Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto; Centro de Documentação de Urbanismo e Arquitetura – Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto

patrocinador | sponsor: Jofebar – Panoramah!

entrada livre, sujeitada à lotação dos espaços | free admisson subject to the availability of seats

evento passível de ser registado através de fotografia e vídeo | the event may be recorded through photography and video

programa passível de alteração por motivos de força maior | the programme may change due to force majeure